EDUARDO CABÚS
MEMÓRIAS
WILSON MELLO e NILDA SPENCER
Ambos Baianos, ambos movidos pela paixão do Teatro, por essa energia que somente um ator consegue explicar e, muitas vezes, apenas sentir.
WILSON MELLO foi uma figura mitológica, sua imensa responsabilidade com a arte nos deixou um legado farto, de excelente qualidade.
Quem o conheceu lembra de suas risadas, seu jeito dado de ser, de sua máxima ao entrar nos bares cantando "minha cuba, minha cuba, minha máxima cuba", e sorria de um jeito que fazia você querer rir também.
Seu imenso currículo não caberia aqui e não lhe faria jus em glórias, mas cabe ressaltar "Os Quincas" em tantos "berros" que encenou em suas "Águas".
Podemos citar inúmeros trabalhos onde se destacou, a exemplo: Horário de Visitas de Ewald Hacler, Eles não usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, A vida de Eduardo II, Velhos Marinheiros, A Tenda do Milagres e Dona Flor e seus Dois Maridos, entre outros sucessos.
Parceira de cena, NILDA SPENCER não ficou atrás em prestigio. Participou de 08 longas-Metragens, entre elas Dona Flor e seus Dois Marido, de Bruno Barreto, mas foi no teatro seu primeiro trabalho como atriz em 1956 com o Auto da Cananéia, de Gil Vicente. Encenou grandes autores como Arthur Azevedo com Almanjarra, Strindberg em Senhorita Júlia, As Três Irmãs, de Tchecov, a Sapateira Prestigiosa de Federico Garcia Lorca, até mesmo Albert Camus em Calígula, nesse trabalhou ao lado do nosso inesquecível Sergio Cardoso.
Nilda Spencer, em dobradinha com Wilson Mello deliciou o publico com a arte verdadeira.
Em 1998, sob a direção de um até então desconhecido diretor - Paulo Henrique Alcântara - na época, teceu com maestria a teia de Héstia com o inebriante prazer Dionisíaco e junto com WILSON MELLO satisfez o mais exigente público em "Lábios que Beijei".
Quem viu, ganhou na loteria.
Quem não viu, resta apenas imaginar a figura desses dois "monstros do palco" nos oferecendo o que de melhor podiam fazer - Teatro sem Vaidade, autêntico.
Seu último trabalho no teatro foi "Ensina-me à Viver" com direção de José Possi Neto em 2001.
O último Ato!
Minha homenagem à esses dois Talentos na Arte.